quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Crateras de impacto de meteoritos no Brasil

As crateras de impacto são estruturas formadas quando um planeta ou satélite é atingido por meteoritos gigantescos. Os projetos espaciais mostraram que não só a Lua , mas todos os corpos do nosso Sistema  Solar  foram bombardeados intensamente por meteoroides durante sua história mostrando como cicatrizes a superfície recoberta por crateras de diversas dimensões nos planetas onde as atividades geológicas sessaram a milhões de anos atraa como: a Lua, Mercúrio, Marte e as luas dos planetas gigantes.. na Terra entretanto, que deve Ter sido tão bombardeada ou mais que a Lua, as crateras são continuamente apagadas pela erosão e redeposição bem como por vulcanismo e atividades tectônicas.
                A primeira cratera a ser reconhecida como metreorítica na Terra foi a famosa cratera meteorítica do Arizona também conhecida como cratera de Barringer , descoberta na década de 20. Atualmente temos cerca de 120 crateras meteoríticas reconhecidas em toda a superfície Terrestre (Fig. 1)), a maioria delas se encontram em terrenos geologibcamente estáveis como os cratons da América do Norte, Europa e Austrália, onde obviamente ouve um esforço de exploração e reconhecimento.
                A cratera do Arizona foi descoberta por trabalhadores que descobriram fragmentos de meteoritos associados a cratera em si. Muitas outras craters pequenas foram descobertas posteriormente todas com fragmentos meteoríticos, por muitos anos se pensou que as crateras meteoríticas estavam diretamente associadas a descoberta de fragementos meteoríticos que comprovassem a sua orígem. Entretanto hoje sabemos que na formação de crateras maiores nenhum fragmento sobrevive intacto.
Cratera do Meteoro, no Arizona (EUA)

                Nesses eventos massivos causados por enormes meteoritos, a pressao e temperaturas geradas pelas ondas de choques são tremendamente altas  vaporizando completamente o meteorito e o solo formando uma mistura com a rocha alvo e após muitos milhares de anos qualquer componente meteorítico detectável já se erodiu. Em alguns casos, uma abundância relativa de elementos siderofílicos pode ser detectada nas rochas fundidas pelo impacto dentro da crateras gigantes como uma assinatura química de orígem meteorítica.
               
O Brasil apresenta várias estruturas em anel com feições de crateras meteoríticas  sendo que algumas delas já foram bem estudadas e são reconhecidas como astroblemas, outras estruturas morfológicas apresentam algumas características semelhantes a crateras de impacto, mas que necessitam maiores estudos conclusivos.
   

Domo de Araguainha – 16º46`S 52º59`W, diâmetro: 40 Km, idade: 246 My . Morfologia: aspecto multi-circular e concêntrico. Estruturas específicas: anel de rochas elevadas com 10 km de diâmetro, feições planares, grabens semi-circulares e cones de estilhaçamento, brechas polimíticas, feições planares dentre outras. É a cratera brasileira  mais bem estudada.

Araguainha Dome no Mato Grosso   

Serra da Cangalha – 8º05`S 46º52`W, diâmetro: 12 km , idade: 300 milhões de anos. Morfologia: anel circular de vales. Estruturas específicas: estrutura mais aparente é um anel de vales com 5 km  de diâmetro. Existência de um núcleo soerguido com cerca de 3 km  de diâmetro, formado por uma serra circular com 250-300 metros de altura, existência de cones de estilhaçamento.

Serra da Cangalha no Tocantins

 
Vargeão - 26º50`S 52º10`W, diâmetro: 11 km, Idade: desconhecida. Morfologia: depressão de forma circular com elevação central. Estruturas específicas: anel de depressão em torno da elevação central, ocorrência de rochas de metamorfismo de choque, anomalias negativas de campo magnético de área, fraturas anelares e radiais .
Vargeão em Santa Catarina

Riachão: 7º46`S 46º39`W, diâmetro: 4 km, idade:  desconhecida. Morfologia: área circular esbranquiçada. Estruturas específicas: apresenta-se com um anel levemente erguido de 4 km de diâmetro, , brechas polimíticas dentro da estrutura, presença de blocos caoticamente elevados no centro. Não foram encontrados cones de estilhaçamento. Dista apenas 45 km em direção nordeste da Serra da Cangalha. 
 
Riachão Ring no Maranhão
 Fontes:

 
http://zeca.astronomos.com.br

Zlata - a Anne Frank de Sarajevo


Para entender os conflitos da antiga Iugoslávia.

O diário de Zlata - A vida de uma menina na guerra é, obviamente, o diário escrito por essa menina aí. O que ele tem de tão precioso são os relatos da garota durante a guerra da Bósnia (que durou de 1992 a 1995). Zlata é considerada a "Anne Frank de Sarajevo", devido à semelhança temática dos escritos (a própria Zlata chega a citar Anne duas ou três vezes em seu diário).

Zlata escreve Mimmy (seu diário) entre os anos de 1991 e 1993. As primeiras entradas falam de sua vida pessoal, da volta à escola, das aulas de piano, dos programas de tv. Até que os bombardeios começam em Sarajevo e a guerra eclode. Zlata não entende nada de política - como entenderia tendo apenas 11 anos? - mas ela sente os efeitos dessa política na sua nova rotina. Os "moleques" (como ela se refere aos políticos) "se divertem" enquanto o povo inocente sofre com a destruição de sua cidade.

Zlata aos onze anos


Bastante madura para sua idade, Zlata vai narrando o medo, as bombas, a destruição, as mortes, a fome, a sede. Narra o fechamento de sua escola, a fuga de vários parentes e amigos, a solidão e o tédio, os perigos de  se continuar a viver em meio ao horror em que Sarajevo se encontra. Narra tudo com seus olhos de criança que, como ela bem coloca, está perdendo a infância para a guerra.  

Inteligente (a menina tem um boletim escolar exemplar e devora livros), Zlata tem várias "sacadas" a respeito da guerra. Por exemplo: a guerra rouba tanto a inocência de sua infância como a tranquilidade da velhice de seus avós; a guerra tirou tudo que ela amava - as pessoas, as aulas, as férias nas montanhas; após a primeira publicação de seu diário pela UNICEF, jornalistas de toda parte foram entrevistá-la e o sentimento que ela teve foi de que todos podiam voltar para suas casas e suas vidas normais, enquanto ela teria que continuar a viver em meio à guerra. Ou seja, ser uma "celebridade" não era vantagem nenhuma.

Zlata e sua família refugiaram-se em Paris em dezembro de 1993. Após passar uma temporada na Inglaterra, transferiram-se para Dublin, na Irlanda.
Em 2001, Zlata obteve bacharelado em ciência humanas pela Universidade de Oxford, e em 2004, mestrado na área de saúde pública em estudos da paz internacional pelo Trinity College, em Dublin. Foi convidada por diversas escolas e universidades em todo o mundo para falar sobre sua experiência, e já trabalhou em diversas ocasiões com diferentes organizações, como a Casa Anne Frank, a ONU e a UNICEF, além de ter sido três vezes jurada do Prêmio de Literatura para Crianças e Jovens em nome da Tolerância, da UNESCO.
Em 2008 publicou Vozes Roubadas - Diários de Guerra, e esteve no Brasil divulgando o novo livro.

Foto de Zlata Filipovic em idade mais adulta








A foto que matou Kevin Carter


Em março de 1993,   Kevin Carter fez uma viagem para o sul do Sudão, no continente africano. O som de choramingo perto da vila de Ayod atraiu Carter a uma criança sudanesa visivelmente desnutrida vergando-se sobre a terra, esgotada pela fome, prestes a morrer, arrastando-se para um campo alimentar da ONU que distava um quilômetro dali; a qual era acompanhada de perto por um abutre oportunista que parecia esperar pacientemente por um banquete, com a morte iminente da garotinha. Ele disse que esperou aproximadamente 20 minutos, esperando que o abutre abrisse suas asas. Não o fez. Carter tirou a fotografia e perseguiu o abutre para afastá-lo. Entretanto foi criticado por somente fotografar e não ajudar a pequena menina.

A foto foi vendida ao jornal americano The New York Times onde apareceu pela primeira vez em 26 de março de 1993. Praticamente durante a noite toda centenas de pessoas contactaram o jornal para perguntar se a criança tinha sobrevivido, levando o jornal a criar uma nota especial dizendo que a menina tinha força suficiente para fugir do abutre, mas que o seu destino final era desconhecido. Em 2 de abril de 1994, Nancy Buirski, um editor estrangeiro de fotografias do jornal, telefonou para Carter para informar que ele tinha ganho o mais cobiçado prêmio do jornalismo. Carter foi premiado com o Prêmio Pulitzer por Recurso Fotográfico em 23 de maio de 1994 na Universidade de Colúmbia em Nova Iorque. Dois meses depois, amargurado e castigado pela culpa, psiquicamente instável, viciado em drogas e destroçado pela morte de um dos seus amigos íntimos do Bang-Bang Club, Kevin Carter suicidou-se aos 33 anos e deixou esta nota de despedida:
Estou deprimido, sem telefone, sem dinheiro para o aluguel, sem dinheiro para ajudar as crianças, sem dinheiro para as dívidas… Dinheiro! Sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor; pelas crianças feridas ou famintas; pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos… Se eu tiver sorte, vou me juntar ao Ken.
Por muitos anos, a foto de Carter foi utilizada para sensibilizar as pessoas quanto ao tema da fome na África. Conta-se, ou pelo menos se subentende, que a menina da foto virou alimento de urubu. Contudo, uma investigação realizada pelo jornal espanhol El Mundo na vila de Ayod comprovou que a menina magérrima retratada na publicação de 1993 não morreu nesse momento, nem poucos dias depois. Segundo o pai da criança, a pequena morreu, após 4 anos, “de febres”. Ainda de acordo com o jornal espanhol, a suposta menina era, na verdade, um menino chamado Kong.

Fonte

terça-feira, 14 de maio de 2013

Petróleo

Petróleo: A base da economia e da sociedade mundial




Surgimento do petróleo

Há inúmeras teorias sobre o surgimento do petróleo, porém, a mais aceita é que ele surgiu através de restos orgânicos de animais e vegetais depositados no fundo de lagos e mares sofrendo transformações químicas ao longo de milhares de anos. Substância inflamável possui estado físico oleoso e com densidade menor do que a água. Sua composição química é a combinação de moléculas de carbono e hidrogênio (hidrocarbonetos).


Primeiro poço da história 

O primeiro poço de petróleo foi descoberto nos Estados Unidos – Pensilvânia – no ano de 1859. Ele foi encontrado em uma região de pequena profundidade (21m). Ao contrário das escavações de hoje, que ultrapassam os 6.000 metros. O maior produtor e consumidor mundial são os Estados Unidos; por esta razão, necessitam importar cada vez mais. 

Maiores países produtores de petróleo 

Os países que possuem maior número de poços de petróleo estão localizados no Oriente Médio, e, por sua vez, são os maiores exportadores mundiais. Os Estados Unidos da América, Rússia, Irã, Arábia Saudita, Venezuela, Kuwait, Líbia, Iraque, Nigéria e Canadá, Cazaquistão, China e Emirados Árabes Unidos são considerados os maiores produtores mundiais. 

Petróleo no Brasil 

No Brasil, a primeira sondagem foi realizada em São Paulo, entre 1892-1896, por Eugênio Ferreira de Camargo, quando ele fez a primeira perfuração na profundidade de 488 metros; contudo, o poço jorrou somente água sulfurosa. Foi somente no ano de 1939 que foi descoberto o óleo de Lobato na Bahia. 
A Petrobras foi criada, em 1954, com o objetivo de monopolizar a exploração do petróleo no Brasil. A partir daí muitos poços foram perfurados. Atualmente, a Petrobras está entre as maiores empresas petrolíferas do mundo. 
O petróleo é uma das principais commodities minerais produzidas pelo Brasil.

Tipos de petróleo:
- Petróleo Brent: petróleo produzido na região do Mar do Norte, provenientes dos sistemas de exploração petrolífera de Brent e Ninian. É o petróleo na sua forma bruta (crú) sem passar pelo sistema de refino.
- Petróleo Light: petróleo leve, sem impurezas, que já passou pelo sistema de refino.
- Petróleo Naftênico: petróleo com grande quantidade de hidrocarbonetos naftênicos.
- Petróleo Parafínico: petróleo com grande concentração de hidrocarnonetos parafínicos.
- Petróleo Aromático: com grande concentração de hidrocarbonetos aromáticos.

Riscos da exploração e da economia baseada no petróleo







segunda-feira, 13 de maio de 2013

A História do Mar de Aral


A tragédia ecológica do Mar de Aral







Quando a ecologia for disciplina de primeiro grau nas escolas do mundo, os pequenos alunos com certeza aprenderão sobre a tragédia que se abateu sobre o Mar de Aral.

Dificilmente se encontrará um exemplo tão didático e revoltante da capacidade do homem de intervir desastrosamente na natureza quanto o da agonia desse que chegou a ser o quarto maior lago do mundo.
Localizado na Ásia Central, entre duas antigas repúblicas soviéticas – o Casaquistão e o Usbequistão –, o Aral ocupava originariamente uma área de 68.300 km2, o equivalente a duas Holandas. Suas águas salgadas eram abastecidas principalmente por dois extensos rios, o Syr Darya e o Amu Darya, cujas bacias hidrográficas se estendem por outros países vizinhos – o Tadjiquistão, o Quirguistão e o Turcomenistão, além do Afeganistão e do Irã –, cobrindo uma área total que beira os dois milhões de quilômetros quadrados.

É UMA REGIÃO de terras áridas e semi-áridas, e por isso mesmo a irrigação artificial lá é muito antiga: há indícios de que ela já era usada há mais de dois mil anos, sempre de forma sustentável. Mas a grande mudança nesse sentido começou na década de 1930, quando os governantes soviéticos decidiram transformar a área, economicamente inexpressiva, numa grande produtora de algodão. A fibra, chamada na época de “ouro branco”, era fonte certa de divisas numa época difícil da economia mundial.
As práticas de plantio tradicionais da região deram lugar a uma agricultura de irrigação intensiva, graças à construção de grandes canais – o maior deles, o Kara Kum, foi aberto em 1956 para desviar parte das águas do Amu Darya.

O PROBLEMA começou na década de 1930, quando os governantes SOVIÉTICOS decidiram transformar a ÁREA em uma produtora de algodão
No sudoeste do Casaquistão, carcaças de navios jazem agora sobre o leito seco do Mar de Aral, perto daquilo que foi um grande e profundo porto pesqueiro da região.
Não se pode negar que houve algum sucesso: entre 1960 e 1980, a área respondeu por um aumento de 70% na produção total de algodão da União Soviética, e até hoje o Usbequistão se destaca como potência algodoeira. Mas o custo social, econômico e ambiental desse feito é incalculável.
Até 1960, a situação se manteve relativamente estável, mesmo com a irrigação tomando dos rios (e desperdiçando a maior parte no deserto, por deficiências estruturais das obras e pela evaporação) quase 50% do fluxo de suas águas.
A partir daí, porém, o nível médio do mar começou a cair. Entre 1960 e 1969, eram 20 centímetros anuais, que passaram para 60 centímetros na década de 1970 e um metro nos anos 1980. Foi nos primeiros anos dessa década, aliás, que o volume de água recebido pelo Aral chegou a zero.
Até então, o governo soviético não dava a devida importância ao que andava acontecendo naquele canto da Ásia Central. Falava-se inclusive – com a arrogância típica das ditaduras – em inverter o fluxo do Rio Ob, que deixaria de desembocar no Oceano Ártico para despejar as suas águas na região do Aral.


O então secretário-geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, deu um basta nesses devaneios e, em 1988, o Comitê Central estabeleceu que o plantio de algodão seria reduzido de forma a permitir que o Aral voltasse a receber água em quantidades cada vez maiores até 2005.
Da esquerda, em sentido horário: a escola de Aralsk, no Casaquistão – outrora porto pesqueiro – ficava às margens do Mar de Aral. Hoje, ela está sendo soterrada pela areia e o sal trazidos pelos ventos. Velho da região com seu neto. Mais duas carcaças de navios pesqueiros.
Alguma melhora foi observada então, mas a queda de Gorbachev, em 1991, colocou nas mãos das cinco exrepúblicas soviéticas envolvidas o cumprimento dessa determinação. A previsível inércia resultante disso aprofundou o desastre.
Nos anos 1990, a sangria contínua fez o mar dividir-se em dois, com um aumento drástico na salinidade das águas: antes de 10 gramas por litro, ela subiu para 45 gramas por litro – e, em algumas partes do Aral Sul, chegou a espantosos 98 gramas por litro. A média atual gira em torno de 33 gramas por litro.

HOJE EM DIA, a bacia do Aral é assolada pela desertificação (que atingiu mais de 30.000 km2 do leito do mar) e por constantes tempestades de poeira tóxica. A redução do nível do mar pôs à mostra imensos bancos de sal, que os fortes ventos levam até o Himalaia, e a água remanescente da irrigação formou lagos contaminados por agrotóxicos – alguns tão grandes que já receberam nome.
Enquanto os verões ficaram mais quentes e curtos, os invernos passaram a ser mais rigorosos e longos – uma alteração que levou muitos fazendeiros a trocar o algodão pelo arroz, cujo cultivo exige ainda mais água. Das 73 espécies de aves, 70 de mamíferos e 24 de peixes antes encontradas na área, a maioria morreu ou migrou para outros lugares.
A profunda devastação afetou a antes próspera indústria pesqueira, que na primeira metade da década de 1960 empregava cerca de 60 mil pessoas. Diante da visão de várias embarcações encalhadas longe da margem, as autoridades abriram canais para levá-las ao mar aberto – e nada conseguiram, porque o nível do Aral baixava mais rapidamente do que sua capacidade de escavar as valas.
Com isso, a atividade pesqueira esgotou-se em 1982, e as fábricas de processamento de peixe congelado trazidas de outras regiões para manter os pescadores locais empregados foram fechadas em 1991.

O desastre ambiental provocou também um profundo impacto na população local. Com a contaminação da água pelo sal e substâncias existentes nos fertilizantes e pesticidas utilizados nas plantações, a tendência de os moradores da região apresentarem câncer de garganta é nove vezes maior do que a média mundial, e a mortalidade infantil ali observada é a maior entre as antigas repúblicas soviéticas.
Canais de irrigação como os da foto drenam as águas dos rios Amu Darya e Syr Darya ao longo de todo o seu curso, impedindo que eles alimentem o Mar de Aral.
Aproximadamente 80% das mulheres grávidas sofrem de anemia. A incidência de distúrbios respiratórios, tuberculose e problemas oculares na população local também aumenta assustadoramente.
A miséria que impera entre os habitantes da região é atenuada por organizações como a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho, que reforçam a dieta dos mais carentes com uma cesta básica que contém arroz, farinha e óleo. Mas essa ajuda só chega a 10% dos moradores que vivem abaixo da linha da pobreza na região.
O que fazer agora? Nenhuma solução escapa de um investimento gigantesco de dinheiro – em 2004, ele era calculado em US$ 300 bilhões. É muito difícil reunir toda essa dinheirama, mas talvez o maior obstáculo seja mesmo a cooperação entre os cinco países envolvidos, com os seus conflitantes interesses econômicos. Eles já haviam feito um acordo a respeito do Aral em 1992, mas nada de objetivo emergiu dali.
Além disso, há várias disputas étnicas nessa questão. Desde o fim da União Soviética, os direitos do uso da água já opuseram usbeques e quirguizes, turcomenos e usbeques, e quirguizes e tadjiques.
Por enquanto, as ações tomadas (ou a falta delas) indicam que o Aral continuará a encolher na sua parte sul. Já na parte norte, aparentemente o governo do Casaquistão está empenhado em manter sua fração do lago (ver quadro). De qualquer forma, o que resta é um retrato melancólico do poder de destruição que a humanidade pode exercer sobre a natureza.

Um fim PROVOCADO pela mão do homem
A seqüência das três fotos do Mar de Aral tiradas por satélite mostram o seu progressivo esvaziamento. A primeiro foto, à esquerda, é de maio de 1973; a segunda, de agosto de 1987; a terceira, de julho de 2000. Durante os últimos 40 anos, por decisão das autoridades da ex-União Soviética, as águas do Amu Darya e do Syr Darya – os dois rios centro-asiáticos que alimentavam o Aral – foram desviadas para irrigar milhões de hectares de plantações de algodão e de arroz. Nas últimas duas décadas, o volume de água do Mar de Aral decresceu de 75 %. A linha do litoral encolheu 120 quilômetros. O nível das águas baixou mais de 16 metros e hoje o Aral é um pequeno mar muito raso. Há muitos milhares de anos, ele já secara completamente devido a motivos naturais. A grande controvérsia que acontece hoje em torno do Mar de Aral deve-se ao fato de que seu encolhimento foi causado pela mão humana, e não por uma mudança ambiental natural. Durante os ciclos naturais, tais mudanças acontecem muito lentamente, durante centenas de anos. Ao contrário, mudanças causadas pela atividade humana costumam ser muito rápidas.

Vozrozdenya, a ilha do terror
Na primeira metade do século 20, Vozrozdeniya era uma ilha no meio do Mar de Aral, e essa condição geográfica do isolamento foi aproveitada pelas Forças Armadas, que lá construíram instalações e laboratórios voltados para a pesquisa e o armazenamento de armas biológicas. Com o recuo progressivo das águas do mar, o território da ilha começou a crescer e, em 2001, ela se juntou à terra firme. As instalações militares foram fechadas em 1992, mas o risco de que o material guardado ali – como bacilos de antraz – venha a causar problemas no futuro ainda é alto. Curiosidade típica de humor negro: em russo, Vozrozdeniya significa “renascimento”.


Recursos Hídricos : Guerras da Água

Guerras da Água


Cerca de 1,6 bilhões de pessoas, em todo o mundo, não têm acesso a água potável. Dos 15 países mais carentes desse recurso, 12 estão no Oriente Médio, uma região já potencialmente explosiva por conta de inúmeros conflitos. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos e Inglaterra, que não param de bisbilhotar os assuntos alheios, por conta de seus interesses estratégicos, preveem que os conflitos pela água devam se intensificar.
A reportagem de Matéria de Capa trata das Guerras da Água que, na verdade, começaram há milhares de anos antes de Cristo e se estendem até os dias de hoje.



domingo, 28 de abril de 2013

Urbanização


INTRODUÇÃO


População rural é aquela que reside nas áreas rurais de um município, portanto fora do perímetro urbano. O conceito geral definido pelos censos demográficos em todos os países faz esta separação geográfica entre urbano e rural em virtude das diferenças econômicas e de infra-estrutura que são percebidas nestes dois conjuntos espaciais. Uma das principais características é a diferença na concentração, muito alta nas áreas urbanas e difusa nas rurais.

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção. Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida.
Hoje geógrafos econômicos e economistas desenvolveram conjuntamente conceitos sobre a localização de shopping centers relacionados com áreas industriais. Também estudaram os efeitos locais da expansão ou declínio industrial e estão cada vez mais direcionados para o planejamento urbano e rural. O uso de métodos estatísticos modernos intensificou a procura por leis gerais que, expressas em termos matemáticos, pudessem descrever vários fenômenos econômicos, notadamente o fluxo de comércio de uma área para outra.

URBANIZAÇÃO

Transformação em cidade de uma determinada área. Do ponto de vista demográfico, é o deslocamento da população de localidades rurais para os centros urbanos. Exemplo típico, nos últimos anos, foi a criação de amplas regiões urbanizadas denominadas megalópolis.
Ela é anômala quando é anormal ou irregular, apresentando anomalia.
É explosiva quando há um crescimento rápido ou excessivo da população, a chamada explosão demográfica.

Urbanismo, desenvolvimento unificado das cidades e das regiões próximas a elas. Durante a maior parte de sua história, o urbanismo se centrou, sobretudo, na regulamentação do uso da terra e na disposição física das estruturas urbanas em função dos critérios estipulados pela arquitetura, pela engenharia e pelo desenvolvimento territorial. Em meados do século XX, o conceito foi ampliado, incluindo o ambiente físico, econômico e social de uma comunidade como um todo.

Entre os elementos característicos do urbanismo moderno, estão os seguintes:
1) planos gerais que resumem os objetivos (e limitações) do desenvolvimento urbano;
2) controles de subdivisão e de divisão em zonas que especificam os requisitos, densidades e utilizações do solo permitidos na ruas, serviços públicos e outras melhorias a que se referem;
3) planos para a circulação e o transporte público;
4) estratégias para a revitalização econômica de áreas urbanas e rurais necessitadas;
5) medidas para ajudar os grupos sociais menos privilegiados; e 6) diretrizes para a proteção ambiental e a conservação de recursos escassos.




URBANIZAÇÃO SEM PLANEJAMENTO


Porém, quando não há planejamento urbano, os problemas sociais se multiplicam nas cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio ambiente e  desenvolvimento de subhabitações.


"ENTRE RIOS" - DOCUMENTÁRIO SOBRE EXPANSÃO URBANA DA CIDADE DE SÃO PAULO




O documentário "Entre Rios", de 2009, produzido como trabalho de conclusão do curso de bacharelado em audiovisual do Senac São Paulo, dirigido por Caio Silva Ferraz, aborda algumas dessas questões tomando como foco a expansão urbana da cidade de São Paulo. O filme explica como a elite paulistana buscou transformar a cidade em uma metrópole europeia ou ainda numa espécie de "Chicago da América do Sul", alterando os cursos dos seus rios, desmatando suas várzeas, aterrando, loteando e vendendo as áreas de suas margens dando vez à especulação imobiliária. "Entre Rios" ressalta o fato da urbanização ter priorizado a abertura de espaços para consolidação do automóvel de passeio como modelo de transporte às custas da precariedade dos transportes de massa, num evidente processo de modernização conservadora em oposição à uma modernização progressista. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Movimentos Migratórios - 7° Ano




Material Complementar sobre a aula de Movimentos Migratórios

Areias Betuminosas - A Mancha Negra do Canadá - 9° Ano



Uma falsa bandeira do Canadá é exposta em protesto contra a exploração das areias betuminosas, realizado em Londres em fevereiro. O preto, inexistente na bandeira original, é menção direta a essa atividade altamente poluidora. Há não muito tempo, o Canadá era famoso por paisagens naturais de tirar o fôlego e por seus belos e imaculadamente limpos centros urbanos, como Vancouver e Toronto (respectivamente, a primeira e a quarta melhores cidades do mundo para morar, de acordo com o ranking deste ano da revista inglesa The Economist). De algumas décadas para cá, porém, essa imagem idílica tem sofrido uma piora substancial, graças a um empreendimento tão grandioso quanto ambientalmente polêmico: a exploração das areias betuminosas (também chamadas “areias oleosas”) no oeste do país. Conhecidas em inglês como oil sands ou tar sands, as areias betuminosas canadenses são gigantescos depósitos de betume localizados no norte da província de Alberta, com ramificações na vizinha Saskatchewan (veja mapa na pág. 31). Forma semissólida de petróleo cru, mais pesado e de menor valor comercial, esse betume impregna as rochas, compostas basicamente por areia e argila. Quase totalmente imóvel dentro da rocha matriz, o betume não flui para dentro de um poço, como o petróleo cru convencional, e tem de ser extraído por métodos diferentes.

O maior depósito de areia betuminosa do mundo fica em Alberta: o Athabasca, nome do rio que atravessa a região. Ele e dois depósitos menores, Peace River e Cold Lake, perfazem uma área de cerca de 140,2 mil quilômetros quadrados, pouco menor que a do Amapá. São terras escassamente povoadas, nas quais predominam a floresta boreal e jazidas de turfa. A particularidade maior do depósito de Athabasca é que, ali, o petróleo está perto da superfície – cerca de 10% do campo fica a menos de 75 metros de profundidade. É praticamente uma mina a céu aberto, o que permite que o óleo seja retirado por técnicas de mineração em larga escala.

A extração de petróleo na região começou modestamente, em 1967, num empreendimento da Great Canadian Oil Sands Limited (subsidiária canadense da Sun Oil Company, dos Estados Unidos, hoje independente e renomeada Suncor Energy), mas as cotações internacionais da commodity tornaram o negócio desinteressante por várias décadas. Foi só com a subida dos preços no início deste século que a exploração se consolidou ali. Já em 2001, o Canadá se tornou o maior exportador de petróleo para os Estados Unidos, superando a Arábia Saudita. As areias betuminosas canadenses são um verdadeiro mar de petróleo. Segundo uma estimativa do governo de Alberta divulgada em 2007, é possível extrair de lá, a um custo viável, cerca de 173 bilhões de barris. Isso faz do Canadá o dono da segunda maior reserva petrolífera provada do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita. No total, calcula-se que haja na região 1,7 trilhão de barris – praticamente o mesmo volume de reservas provadas de petróleo convencional em todo o mundo.
No entanto, diferentemente do petróleo saudita, fácil de retirar, o das areias betuminosas canadenses envolve formidáveis custos ambientais. Até meados de 2008, a mineração respondia pela derrubada de 470 quilômetros quadrados de floresta e pela criação de 130 quilômetros quadrados de lagoas de decantação repletas de resíduos tóxicos. Ambientalistas e profissionais da saúde alertam que essa atividade polui substancialmente a atmosfera, ameaça os ecossistemas da área, mata peixes e já contabiliza casos de câncer em humanos.

Mina de betume da empresa Syncrude no depósito de Athabasca. O que era antes floresta boreal deu lugar a uma paisagem em que o cinza e o negro predominam. A ativista ambiental canadense Maude Barlow chama a região de “Mordor”, o sombrio centro do mal na obra O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.

“As areias betuminosas do Canadá constituem uma das maiores ameaças ao nosso planeta”, declarou o cientista da Nasa James Hansen, um dos nomes mais importantes das pesquisas sobre o aquecimento global. Para Hansen, a ameaça é dupla. Em primeiro lugar, produzir petróleo das areias betuminosas polui muito mais do que o processo de extração convencional. Além disso, a atividade prejudica um dos melhores instrumentos de redução de carbono da Terra: a floresta boreal canadense. Segundo o cientista, ela armazena mais carbono por hectare do que qualquer outro ecossistema e, quando é derrubada para o desenvolvimento da indústria das areias betuminosas, muito desse carbono é perdido. Hansen ressalta ainda que a floresta contém boa parte da água doce da América do Norte, além de abrigar cerca de 5 bilhões de aves migratórias e algumas das maiores populações remanescentes de alces, ursos, lobos e caribus do mundo.

Simon Dyer, pesquisador do Pembina Institute, da Universidade de Alberta, também ataca pesadamente a indústria das areias betuminosas. “São a mais suja fonte de petróleo em qualquer lugar do mundo e há muito pouca regulação sobre elas”, declarou ele a John Vidal, do jornal inglês The Guardian, que visitou a região em 2008. De acordo com Dyer, a energia necessária para produzir um barril de petróleo em Alberta significa multiplicar por três (ou até por cinco) as emissões de gases-estufa computadas na produção de um barril de petróleo convencional. Isso se explica porque é preciso escavar para retirar o betume da terra, separar o petróleo da areia – dependendo da técnica empregada, com o uso de muita água e/ou de muito gás natural – e, por força de sua qualidade inferior, refiná-lo pesadamente. Só em água, usam-se ali três a quatro barris na obtenção de um barril de petróleo; e toda a reserva de gás natural canadense dá conta de apenas 29% do betume de Alberta.

Vistas aéreas de uma instalação da petrolífera Suncor, perto da cidade de Fort McMurray (acima), e de uma mina de extração de betume (abaixo). A exploração do petróleo das areias betuminosas só se tornou economicamente viável no início deste século, e com ela o Canadá passou a ter a segunda maior reserva provada do mundo.
As ideias para superar essas dificuldades só aumentam o surrealismo que envolve a questão. A repórter Daniela Chiaretti, do jornal Valor Econômico, que visitou a região no ano passado, comentou em seu artigo sobre o tema que se fala em energia nuclear como substituta do gás. Segundo ela, o diretor da organização Global Forest, Peter Lee, calcula que seriam necessárias 14 usinas para atender à demanda – o que levou Melina Laboucan-Massimo, a Tar Sands campaigner do Greenpeace, a lamentar ironicamente: “O Canadá será o único país do mundo a usar energia nuclear para produzir combustíveis fósseis.”
A sedução do dinheiro
Terra de florestas e rica vida selvagem, Alberta estava longe de virar um polo econômico relevante antes da exploração das areias betuminosas. Mas o petróleo tem um impacto tão grande nas finanças da província que boa parte da população prefere fechar os olhos para os problemas ambientais gerados pela extração. O Instituto de Pesquisa Energética do Canadá prevê que, em 25 anos, o petróleo das areias betuminosas poderá somar US$ 1,8 trilhão ao produto interno bruto do país e criar 456 mil empregos. Em abril de 2008, a região abrigava 91 projetos de exploração e sua maior cidade, Fort McMurray, já vivia em pleno boom imobiliário (ao lado, casas à venda por US$ 450 mil).

O betume (no detalhe) chega a aflorar à superfície, como nos depósitos da foto maior, localizados às margens do rio athabasca, que corta a região.
Daniela sobrevoou a região das areias betuminosas e seu relato oscila entre a tristeza e o horror. “O que se vê é um cenário de Mad Max, só que não é ficção”, escreveu. “O mundo parece ter perdido a cor, só há tons de cinza e negro, enormes lagos escuros de águas paradas, canteiros de obras e um frenesi de caminhões.” Ao nível do solo, o cheiro de ovo podre típico da indústria é onipresente. Segundo Daniela, a ativista ambiental canadense Maude Barlow chama a região de “Mordor”, numa referência ao reino das sombras da obra O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien.

A política tem papel importante na montagem dessa versão peculiar do inferno. Até 2006, o governo canadense estava nas mãos do Partido Liberal, sensível às questões ambientais – em 2002, ele havia ratificado o Protocolo de Kyoto, pelo qual se comprometia, até 2012, a reduzir as emissões de gases-estufa em 6% ante os níveis de 1990. O cumprimento da meta já parecia distante em 2006, quando os liberais cederam o poder ao Partido Conservador, mas o novo primeiroministro – Stephen Harper, um representante de Alberta – mostrou que a situação poderia piorar ainda mais ao divulgar seu primeiro orçamento nacional, no qual não destinou um único centavo à implantação do Protocolo de Kyoto.

Portas abertas para os asiáticos
Pressões de origens variadas têm levado empresas norte-americanas e europeias a rever sua ligação com as poluentes areias betuminosas canadenses. A anglo-holandesa Shell, por exemplo, enfrenta uma ofensiva de acionistas que desejam ver a companhia (a qual se declara defensora do meio ambiente) fora de Alberta. Uma campanha da instituição ForestEthics, dedicada a interromper o uso de petróleo das areias betuminosas por empresas norte-americanas, tem ampliado o número de adesões, e o Pentágono está reduzindo suas compras dessa fonte, a fim de atender a uma lei ambiental de 2007. Mas o governo canadense não se abala com as defecções: anunciou em fevereiro que está abrindo mais espaço para empresas chinesas (entre elas a estatal PetroChina) e de outros países asiáticos carentes de petróleo, como Japão e Coreia do Sul, investirem na região. A sequência do desastre ambiental está, portanto, garantida.

Na época, Harper anunciou que seu governo desenvolvera um novo plano para lidar com as mudanças climáticas, sem detalhar seu conteúdo. O que se viu depois, porém, foi um aumento sistemático das emissões canadenses de gases-estufa, impulsionado pelo betume de Alberta. Em seu relatório Energy [R]evolution, o Greenpeace- Canadá informa que as emissões saltaram de 592 milhões de toneladas, em 1990, para 721 milhões, em 2006 – 21,7% acima dos níveis de 1990 e 29,1% a mais do que as metas do país em Kyoto.
Alberta abriga apenas cerca de 10% dos 34 milhões de canadenses, mas emite 32% do volume de gases-estufa do país. A indústria petrolífera divulga que tem se esforçado para mudar esse quadro, fazendo, por exemplo, replantio de árvores. Mas ninguém sabe como elas vão se desenvolver naquele ambiente deteriorado. Segundo Daniela Chiaretti, Don Thompson, presidente da Oil Sands Developers Group (associação das petroleiras), afirma que uma “área grande” já foi reconstituída, mas pede que se relativize o que é visto hoje: “(...) as árvores da floresta levam 80 anos para crescer, e as que plantamos ainda parecem grama. É preciso lembrar que essa indústria só tem 40 anos de idade.” Outra iniciativa é a CCS, sigla da tecnologia de sequestro de carbono, na qual Alberta investe US$ 2 bilhões. Mas, como Emily Rochon, campaigner de clima e energia do Greenpeace International, lembrou a Daniela, “os projetos CCS não ficarão prontos em 2020, e a mudança climática está ocorrendo agora”.
O desenvolvimento da indústria da areia betuminosa canadense explica o comportamento esquivo do país na Conferência do Clima de Copenhague, em 2009. Stephen Harper comprometeu- se ali a cortar – mais uma vez, sem detalhar como –, até 2020, as emissões de carbono em 20% ante os índices de 2006. Isso corresponde a uma redução de meros 3% na comparação com os índices de 1990 (pelo Protocolo de Kyoto, países desenvolvidos como o Canadá deveriam reduzir a emissão de gases-estufa em pelo menos 5,2% ante os níveis de 1990). A meta é tão pífia que Quebec, Ontário e Colúmbia Britânica, as três mais importantes províncias do país, estabeleceram para si objetivos bem mais rigorosos: reduções de respectivamente 20%, 15% e 14% em relação aos índices de 1990. Na contramão, Alberta prevê um aumento de 58% em suas emissões.
Acima, um manifestante protesta diante do escritório central da gigante petrolífera BP, em Londres, em ato realizado em setembro de 2009 contra a presença da empresa na região das areias betuminosas canadenses. A soma dos três grandes depósitos de Alberta (no mapa abaixo) dá uma área pouco menor que a do Amapá.
Poucas vezes um país mudou tão radicalmente sua imagem no contexto mundial. George Monbiot, do jornal The Guardian, reflete esse sentimento ao concluir um recente artigo sobre o tema: “Sinto-me estranho ao escrever isso. A ameaça imediata ao esforço global de sustentar um mundo pacífico e estável não vem da Arábia Saudita, do Irã ou da China. Vem do Canadá. Como isso pode ser verdade?”

Documentário da NatGeo.